Pobre Amor
Calcula, minha amiga, que tortura!
Amo-te muito e muito, e, todavia,
preferira morrer a ver-te um dia
merecer o labéu de esposa impura!
Que te não enterneça esta loucura,
que te não mova nunca esta agonia,
que eu muito sofra porque és casta e
pura,
que, se o não fôras, quanto eu
sofreria!
Ah! Quanto eu sofreria se alegrasses
com teus beijos de amor, meus lábios
tristes,
com teus beijos de amor, as minhas
faces!
Persiste na moral em que persistes.
Ah! Quanto eu sofreria se pecasses,
mas quanto sofro mais porque resistes!
Aluísio de Azevedo
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